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A árvore da vida

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Domingo, percorrendo os canais da tv, deparei com a corrida de Fórmula 1 que estava acontecendo no Bahrein. Imediatamente bateu aquela saudade de viajar. Aquele sentimento que, desde março, está guardado no fundo do subconsciente, esperando a fase do isolamento passar. Conscientemente, até podemos esconder uma vontade, porém, o subconsciente, que sempre mostra a verdade, de repente, faz aflorar toda a nostalgia de um momento inesquecível.

Ainda criança, tracei alguns objetivos para a minha vida: estudar, trabalhar, ter minha autonomia financeira e conhecer o mundo. Dentre tantas possibilidades, quis conhecer o Bahrein. Alguns podem questionar o porquê de conhecer um dos menores e mais repressivos países da Ásia, onde não existem direitos políticos e liberdades civis. Um país composto por 35 ilhas sendo que, dessas, apenas três são habitadas e que tem como vizinhos os nada amistosos Irã e Arábia Saudita. O que pode ter de atrativo esse país?

Para responder à pergunta é preciso voltar à infância, onde a imaginação não tem limites. Onde criar e recriar objetos na imaginação, ou por gravuras que nos foram mostradas, ou por histórias contadas, era um sonho a ser perseguido. Diz a ciência que um dos objetos que mais influi no imaginário dos sujeitos e no coletivo social é a árvore. Ela gera poesia, mistério, memória e espiritualidade, pois, significa a essência da vida.

Comigo não foi diferente. A primeira vez que vi uma foto da "Árvore da Vida" fiquei impressionada. Não apenas por ser um símbolo que atravessa gerações e está presente nas culturas ocidentais, como celtas, gregos, romanos, persas, até nas orientais, como a chinesa e a japonesa, mas pelo seu significado, ela representa: vitalidade, força e capacidade de vencer desafios.

A imagem que vi na infância foi da árvore que fica no Bahrein e o sonho de conhecê-la acompanhou meu crescimento. Da capital, Manama, até a sua localização, são quase 40 quilômetros pelo deserto. Pouco há para ver. Além de dois acampamentos que são conhecidos como áreas de lazer, onde as pessoas vão passar os finais de semana, o mar de areia é o único companheiro de trajeto. Após quase uma hora de carro, no alto de uma duna, desponta uma grande árvore. Não há ao seu redor nenhuma vegetação ou uma gota de água sequer, apenas ela, solitária. Com mais de 400 anos e 30 metros de altura, com galhos frondosos, a planta se sobressai na paisagem, dando um lindo colorido ao deserto sem cor.

Diz a lenda que Adão e Eva andaram por aquelas terras e que a árvore foi plantada em 1583 para marcar a localização do Jardim do Éden. Não há dúvidas de que ela desperta a imaginação das pessoas, assim como surgem vários questionamentos a respeito de sua história. Como pode uma planta sobreviver solitária no meio do nada? Quantas gerações já se abrigaram sob as sombras de seus galhos? Quantas histórias de vida ela presenciou?

Não tem como ficar sobre a sua sombra e não pensar na vida. Pensar sobre o divino e o terrestre, sobre a vida e a morte, sobre a fraqueza e a coragem. A árvore do Bahrein é um presente da natureza, a demonstração de força e beleza, num lugar árido e hostil. É a vida provando que nada é impossível e que, mesmo em condições adversas, ela pode ser colorida e mais bela.

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